
O Desemprego na Suíça Atinge os 3%: Uma Análise Abrangente da Situação Atual
Introdução
O desemprego na Suíça atingiu em janeiro de 2025 os 3%, um valor que remonta ao período da pandemia de Covid-19. Esta subida representa um aumento de 0,2 pontos percentuais em relação a dezembro, e levanta preocupações tanto no setor económico como social. Neste artigo, analisamos as causas, os setores mais afetados, as regiões com maior impacto, e as possíveis medidas para mitigar a situação.
Aumento do Desemprego: Um Cenário Preocupante
Antes de mais, importa destacar que este aumento no desemprego não ocorreu de forma inesperada. Na verdade, os especialistas do mercado de trabalho já antecipavam uma subida devido a fatores sazonais e conjunturais. De acordo com Damien Yerly, diretor adjunto do setor do mercado de trabalho e do seguro de desemprego do SECO (Secretariado de Estado à Economia), esta tendência reflete tanto os efeitos do inverno como as dificuldades enfrentadas por diversas indústrias.
Causas Principais do Aumento
Em primeiro lugar, os fatores sazonais desempenham um papel determinante neste aumento. Durante o inverno, setores como a construção civil, a hotelaria e o comércio de retalho tendem a reduzir significativamente a sua atividade. Além disso, a conjuntura económica mundial adversa tem pressionado indústrias como a da construção de máquinas e a relojoaria, ambas cruciais para a economia suíça.
Regiões Mais Afetadas
Por conseguinte, é importante observar que os cantões com forte presença industrial foram os mais atingidos. Em Neuchâtel, o desemprego subiu para 4,5%, no Jura chegou aos 5,0% e em Soleura aumentou para 3,1%. Em contraste, o cantão de Genebra manteve-se como o mais afetado do país, com um desemprego de 4,8%.
Indústria em Dificuldades
Simultaneamente, a indústria dos equipamentos elétricos, das máquinas e dos metais (MEM), bem como a relojoaria, têm vindo a apresentar um número crescente de pedidos de desemprego parcial. Só em janeiro, as pré-declarações de empresas afetaram mais de 29.000 trabalhadores, sendo que a maioria pertence à indústria transformadora.
Impacto no Mercado de Trabalho
Ao mesmo tempo, os dados revelam que nem todos os trabalhadores registados para o desemprego parcial acabarão por receber indemnizações. Durante os primeiros nove meses de 2024, apenas metade dos registados obteve apoios. Tal revela uma fragilidade crescente no sistema de proteção laboral que poderá agravar-se se não forem tomadas medidas adicionais.
Propostas para Aliviar a Situação
Em resposta a esta crise, Patrick Linder, diretor da Câmara de Economia Pública do Grande Chasseral (Jura bernês), defendeu a extensão da duração máxima das indemnizações por redução de horário de trabalho (RHT). Na sua opinião, a recuperação económica não deverá ocorrer antes do final de 2025 ou, mais provavelmente, apenas em 2026. Caso contrário, muitas empresas já terão esgotado os apoios disponíveis, colocando em risco o seu futuro.
O Papel da Confederação
Nesse sentido, Linder apela à intervenção da Confederação. Segundo ele, apenas com apoio governamental será possível preservar o tecido empresarial e o know-how necessário para aproveitar a futura retoma económica. Sem essas medidas, existe o risco de se perderem competências estratégicas.
Perspetivas Económicas para 2025
Paralelamente, o SECO anunciou no início de janeiro que as previsões económicas para a Suíça se degradaram ligeiramente face ao outono anterior. Esta revisão deve-se sobretudo às incertezas internacionais, em especial na Alemanha e em França. Assim, o SECO prevê agora um desemprego de 2,7% para o conjunto de 2025.
Comparação com Anos Anteriores
Em termos comparativos, o desemprego em 2023 situou-se nos 2,0%, o nível mais baixo desde 2001. Em 2024, registou-se uma subida moderada para 2,4%. A atual taxa de 3% representa, por isso, um salto considerável e um sinal de alerta para o futuro.
Aumento do Desemprego Jovem e Sénior
Entretanto, janeiro de 2025 trouxe também um aumento acentuado no desemprego jovem e sénior. O número total de desempregados aumentou 5480 em relação ao mês anterior, um acréscimo de 4,2%. Comparando com janeiro de 2024, o número de desempregados subiu em 22.598 pessoas, o que representa uma escalada de 20%.
Diferenças Regionais e Demográficas
Além disso, o desemprego aumentou de forma desigual entre regiões e grupos sociais. Na Suíça alemã, o desemprego subiu para 2,5%, enquanto que na Suíça romanda e no Tessino chegou aos 4,2%. Por género, a taxa foi de 2,7% para mulheres e 3,2% para homens. Quanto à origem, o desemprego entre suíços fixou-se nos 1,9%, mas entre estrangeiros disparou para 5,7%.
Mais de 200 Mil Pessoas à Procura de Emprego
No total, foram registadas 212.803 pessoas à procura de emprego em janeiro, o que representa um aumento mensal de 1,8% e anual de 17%. Este dado revela a extensão da crise no mercado de trabalho suíço.
Pessoas Sem Direito a Indemnizações
De igual forma, 2626 pessoas esgotaram os seus direitos às indemnizações de desemprego em novembro de 2024. Este número, embora relativamente estável, evidencia a vulnerabilidade de muitos trabalhadores face à continuidade da crise.
Postos de Trabalho e Mão-de-Obra
Por outro lado, há sinais positivos no aumento do número de vagas disponíveis. Corrigido das variações sazonais, o número de postos de trabalho aumentou 15,9% face a dezembro, totalizando 44.198 vagas. Este crescimento oferece alguma esperança, embora seja insuficiente para absorver o número crescente de desempregados.
Escassez de Mão-de-Obra Qualificada
Curiosamente, alguns setores continuam a enfrentar escassez de mão-de-obra. No setor da construção, por exemplo, 75% dos empregadores relataram dificuldades em preencher vagas, de acordo com um inquérito da SuisseEnergie. Esta situação poderá agravar-se com a reforma dos baby boomers e a falta de sucessão qualificada.
Valorização dos Trabalhadores Qualificados
Consequentemente, os trabalhadores qualificados têm maior margem de negociação. Segundo alguns trabalhadores, “se algo correr mal num local, no final da semana estou noutro”. Esta mobilidade reflete o valor crescente destes profissionais num mercado com pouca oferta.
Conclusão
Em resumo, o aumento do desemprego na Suíça para 3% é um fenómeno multifatorial que exige respostas coordenadas. Os setores mais afetados, como a construção de máquinas e a relojoaria, precisam de apoio urgente para evitar perdas irreversíveis. Além disso, o governo deve considerar medidas extraordinárias para prolongar os apoios ao emprego. Com uma economia fragilizada, mas com potencial de retoma, é fundamental agir rapidamente para preservar os postos de trabalho e a competitividade da Suíça.
Fonte: https://www.rts.ch/
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