Perda da nacionalidade portuguesa: Um caso real que levanta questões

Perda da Nacionalidade Portuguesa Um Caso Real que Levanta Questões
Perda da Nacionalidade Portuguesa Um Caso Real que Levanta Questões

Descoberta chocante: Cidadã Luso Suíça perde nacionalidade portuguesa sem saber

Perda da Nacionalidade Portuguesa: Um Caso Real que Levanta Questões. Ao tentar renovar o seu passaporte português, uma cidadã suíça de origem portuguesa descobriu algo impensável: não constava em nenhum registo oficial das autoridades portuguesas. Assim, ao procurar realizar um simples procedimento administrativo, deparou-se com a possibilidade de nunca ter sido considerada oficialmente portuguesa.

Dupla nacionalidade sempre presumida, mas nunca confirmada

Desde criança, esta mulher viveu com a convicção de possuir dupla nacionalidade. Na verdade, naturalizou-se suíça aos 11 anos, enquanto o seu pai — natural de Portugal — possuía documentos portugueses válidos. Além disso, os documentos de naturalização na Suíça referem explicitamente um título de residência português (Permis C), o que reforçava a ideia de que a nacionalidade portuguesa estava devidamente reconhecida.

Contudo, ao iniciar o processo de renovação do passaporte português, o consulado informou que o seu nome não aparece em nenhuma base de dados nacional. Portanto, toda a história familiar e os documentos existentes não foram suficientes para provar a nacionalidade que acreditava ter.

Processo perdido: Onde está o registo da nacionalidade?

De acordo com as autoridades consulares, a explicação mais plausível é que o processo de registo da sua nacionalidade — e possivelmente também o do pai — foi extraviado. Assim sendo, foi-lhe dito que terá de iniciar um novo processo de atribuição de nacionalidade, como se nunca tivesse sido portuguesa.

Além disso, esse novo processo implica o pagamento das taxas normais e um tempo de espera aproximado de dois anos, o que representa um atraso significativo para quem contava com o passaporte português para viajar e trabalhar na União Europeia.

Impacto real: Viagens canceladas e oportunidades perdidas

Como consequência direta desta situação, os seus planos de viagem e de trabalho na União Europeia foram completamente comprometidos. Com efeito, o passaporte português permitiria uma entrada facilitada em diversos países e o acesso ao mercado laboral europeu de forma mais simples. No entanto, com o passaporte suíço, essas oportunidades tornam-se mais limitadas.

Apesar das sucessivas tentativas de contacto com os serviços consulares portugueses — através de chamadas telefónicas, e-mails e deslocações presenciais — não obteve qualquer resposta eficaz. Assim, sentiu-se abandonada pelo sistema que deveria protegê-la.

Indignação justificada: Um caso isolado ou um problema sistémico?

Em declarações ao jornal 20 Minutes, a cidadã expressou o seu desânimo: «Esta situação bloqueia-me injustamente na Suíça, quando devia ter saído ainda antes do final do ano passado. Isto gera um stress enorme, especialmente tendo em conta que tenho provas que mostram falhas graves.»

Além disso, questionou se será realmente a única nesta situação: «Será que sou mesmo a única nesta situação?» Esta dúvida levanta uma questão maior: quantos outros portugueses emigrados poderão ter perdido a nacionalidade sem o saber?

Silêncio institucional: Nem o consulado nem o registo central responde

O jornal 20 Minutes tentou obter esclarecimentos junto do consulado português, que remeteu o caso para o Registo Central. No entanto, este organismo não respondeu aos contactos do jornal, nem atendeu as chamadas, mesmo após diversas tentativas.

Por outro lado, do lado suíço, todos os documentos foram fornecidos, confirmando a naturalização e a referência à nacionalidade portuguesa. No entanto, até à data, nenhuma solução foi apresentada pelas autoridades portuguesas.

Consequências Pessoais: Custos Elevados e Identidade Ameaçada

Sem o passaporte português, a cidadã decidiu avançar com os seus planos, mesmo sem a documentação que esperava ter. Ainda assim, o processo resultou na perda de quase um ano, custos financeiros consideráveis e, acima de tudo, numa sensação de perda de identidade.

Segundo as suas palavras: «Acho esta situação profundamente injusta. O sistema existe para nos ajudar, mas ninguém quer admitir que houve um erro. Gostava que, pelo menos, um dos dois países assumisse a responsabilidade.»

O que diz a Lei? Como evitar casos semelhantes

De acordo com a legislação portuguesa, a perda da nacionalidade pode ocorrer em determinados casos, especialmente quando um cidadão se naturaliza noutro país e não declara a vontade de manter a nacionalidade portuguesa. No entanto, no caso em questão, existe documentação que indica a existência da nacionalidade portuguesa no momento da naturalização na Suíça.

Desta forma, os especialistas aconselham que todos os cidadãos portugueses no estrangeiro confirmem periodicamente os seus dados nos registos consulares e no Registo Civil português. Além disso, é fundamental manter cópias de todos os documentos relacionados com a nacionalidade, registos de nascimento, e naturalizações.

Como reaver a nacionalidade portuguesa: Passos a seguir

Caso alguém se encontre numa situação semelhante, existem alguns passos essenciais a seguir:

  1. Reunir todos os documentos relevantes, incluindo certidões de nascimento, naturalização e documentos dos pais.
  2. Contactar o consulado português mais próximo para obter orientações sobre o processo de atribuição ou recuperação da nacionalidade.
  3. Formalizar o pedido de atribuição de nacionalidade, mesmo que isso implique custos e espera.
  4. Acompanhar regularmente o processo, através de contactos frequentes com os serviços competentes.

Conclusão: Uma história pessoal com repercussões universais

Embora este caso pareça isolado, ele revela fragilidades no sistema de registo da nacionalidade portuguesa, especialmente no que diz respeito aos emigrantes e seus descendentes. Por isso, é essencial que o Estado português reconheça a importância de garantir a identidade dos seus cidadãos no estrangeiro.

Enquanto isso, esta mulher continua a sua vida com resiliência, mas carrega consigo a dor de ver a sua nacionalidade negada, sem explicações nem soluções imediatas. Afinal, não se trata apenas de um documento — trata-se de uma parte fundamental da sua história, da sua família e da sua identidade.


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