Suicídio na Suíça

Suicídio na Suíça: Dados, Legislação e o Impacto na Comunidade Portuguesa

Estatísticas do suicídio na Suíça

A Suíça regista cerca de 1.000 mortes por suicídio por ano. De forma geral, os homens mais velhos são o grupo mais afetado, embora também haja casos entre jovens e pessoas com doenças crónicas ou mentais. Além disso, os métodos mais comuns incluem enforcamento, armas de fogo e intoxicação por medicamentos.

Apesar da gravidade dos números, é importante notar que a taxa de suicídio tem vindo a diminuir nos últimos anos. Este decréscimo está relacionado com o aumento do investimento em saúde mental, campanhas de sensibilização e estratégias de prevenção em todo o país.

Legalidade do suicídio assistido

Ao contrário de muitos países, na Suíça o suicídio assistido é legal desde 1942, desde que quem presta a ajuda não tenha motivações egoístas. Em outras palavras, é permitido tanto a cidadãos suíços como a estrangeiros.

Para que o procedimento seja autorizado, a pessoa deve estar em plena posse das suas faculdades mentais e ingerir a substância letal por conta própria. Nesse contexto, as organizações mais conhecidas que prestam este tipo de apoio são a Dignitas e a Exit, que operam com regras claras e acompanhamento médico.

Portugueses e o suicídio assistido

No que diz respeito à comunidade portuguesa, entre 2009 e 2024, onze portugueses residentes em Portugal recorreram ao suicídio assistido na Suíça com apoio da Dignitas. Em 2023, a mesma organização registava 39 membros portugueses, o que demonstra um interesse crescente por essa possibilidade.

Contudo, apesar desses dados, ainda não existem estatísticas públicas sobre o número de suicídios entre portugueses que vivem permanentemente na Suíça. Como resultado, torna-se difícil compreender com precisão o impacto real desta realidade na diáspora portuguesa.

Caso de Ricardo Fernandes: Um português que escolheu o suicídio assistido na Suíça

Um caso que chamou a atenção recentemente foi o de Ricardo Fernandes, um empresário português de 43 anos. Após viver 15 anos com tetraplegia, consequência de um acidente de viação em 2009, Ricardo decidiu terminar a sua vida com dignidade, recorrendo à associação Dignitas.

Embora tenha fundado uma empresa e mantido uma vida ativa, Ricardo descrevia-se como aprisionado no próprio corpo. Por essa razão, escolheu a Suíça como o lugar onde poderia encerrar o seu sofrimento de forma legal e acompanhada. O caso foi noticiado e gerou debate sobre o direito à autodeterminação e os limites da dor humana.

Prevenção e apoio em saúde mental

Felizmente, a Suíça disponibiliza várias linhas de apoio e serviços focados na prevenção do suicídio, acessíveis a toda a população. Abaixo estão os principais contactos:

• La Main Tendue (Tel 143): Serviço de apoio anónimo e confidencial, disponível 24 horas por dia, para quem precisa de conversar sobre dificuldades emocionais, sociais ou familiares. Disponível em inglês, alemão, francês e italiano.
• Heart2Heart: Linha de apoio em inglês, operada pela La Main Tendue, disponível das 18h às 23h, oferecendo suporte gratuito e anónimo.
• Telefone 147: Linha de apoio para crianças e jovens, ativa 24 horas por dia.
• Serviços de emergência:
  • Polícia: 117
  • Ambulância: 144

É fundamental sublinhar que, embora existam esses recursos, comunidades migrantes como a portuguesa podem enfrentar barreiras culturais e linguísticas. Por isso, garantir a acessibilidade destes serviços para todos deve ser uma prioridade constante das autoridades suíças.

Conclusão

Em resumo, o suicídio continua a ser uma questão de saúde pública crítica na Suíça, com implicações sociais, éticas e legais. A existência do suicídio assistido como opção legal abre um debate profundo sobre sofrimento, autonomia e dignidade.

Para os portugueses que vivem na Suíça, especialmente os mais vulneráveis, é essencial haver acesso adequado a apoio psicológico e emocional. Mais do que nunca, torna-se necessário promover informação clara, serviços inclusivos e ações preventivas eficazes.

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