Loja AIMA no Porto encerrada pelo grupo extremista Habeas Corpus

Militantes do Habeas Corpus, do ex-juiz Rui Fonseca e Castro, foram ao local durante a madrugada e fixaram cartazes contra imigrantes.

Grupo Extremista Interrompe Funcionamento de Agência no Porto e Faz Ameaças Contra Imigrantes
Na madrugada desta terça-feira, o grupo extremista Habeas Corpus, liderado pelo ex-juiz Rui Fonseca e Castro, interrompeu o funcionamento da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA), localizada no Porto. “Decidimos encerrar a AIMA por tempo indefinido, até que os portugueses deixem de ser tratados como cidadãos de segunda classe em sua própria pátria”, declarou Fonseca e Castro em um vídeo divulgado em canais do grupo no Telegram.

Durante a ação, os membros do Habeas Corpus afixaram diversos cartazes na fachada do edifício da AIMA. Em um deles lia-se: “AIMA fechada enquanto os portugueses não tiverem acesso a saúde, segurança, moradia, emprego e educação”. Foram ainda colados QR Codes com propaganda do grupo.

A intervenção ocorreu durante a madrugada, quando imigrantes já aguardavam a abertura da agência para atendimento. A ação foi celebrada em fóruns online do Habeas Corpus, com comentários xenófobos, como um que afirmava que os imigrantes “vieram para substituir a raça branca”. Outros apoiadores sugeriram realizar a mesma ação em Lisboa e adicionar elementos provocativos, como carne de porco.

Embora o foco principal das ações do Habeas Corpus seja, até agora, a comunidade LGBTI+, judeus e eventos como o 25 de Abril, esta é a primeira vez que o grupo direciona uma ação contra imigrantes. Um episódio recente envolveu a colocação de uma cabeça de porco crua na Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, após o qual uma reunião foi interrompida. “Um dia será a nação inteira”, disseram.

No site oficial, o grupo descreve sua causa como uma “luta do Bem contra o Mal”, em defesa dos valores cristãos ocidentais, que, segundo eles, fazem da civilização europeia a mais desenvolvida do mundo.

Rui Fonseca e Castro foi destituído do cargo de juiz em outubro de 2021 por infrações, como o incentivo à desobediência às regras de controle da covid-19. Ele também enfrenta acusações de difamação contra Magina da Silva, ex-diretor da PSP, e Ferro Rodrigues, ex-presidente da Assembleia da República, além de usurpação de funções.

O DN entrou em contato com o Governo para solicitar um posicionamento sobre o ocorrido, mas ainda não obteve resposta. A AIMA, por sua vez, informou que divulgará uma nota oficial em breve, assegurando que a agência foi reaberta.

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