Desabafo de um emigrante desiludido com a política portuguesa

Desabafo de um emigrante desiludido com a política portuguesa. Estou farto da política portuguesa. Os políticos estão a arruinar o país
Desabafo de um emigrante desiludido com a política portuguesa. Estou farto da política portuguesa. Os políticos estão a arruinar o país

A indignação com os políticos e a situação do país

Estou farto da política portuguesa. Os políticos estão a arruinar o país, e fazem-no sem vergonha nenhuma.

O início da minha emigração

Emigrei há vinte anos. Na altura, tinha dez empregados, uma empresa, casa, filhos, mulher e muito trabalho. Tinha tudo para dar certo.

A destruição das empresas e o tratamento injusto

Hoje, não consigo parar de pensar no que o governo nos fez nos anos 2000, 2010 e continua a fazer até hoje. Dá-me nojo só de pensar.
Não emigrei por falta de trabalho ou de emprego. Emigrei porque o governo estava a destruir as empresas. Naquela altura, éramos obrigados a pagar impostos mesmo que não recebêssemos dos clientes. O Estado estava-se nas tintas. Todos os dias 15 do mês tínhamos de pagar IVA, e de quatro em quatro meses tínhamos de fazer os pagamentos por conta. Grande parte das faturas que nunca me foram pagas eram do próprio Estado, que se atrasava, mas tinha a cara de pau de exigir o pagamento de impostos como se nada fosse.

A decisão de emigrar e a falta de apoio do governo

Chegou um ponto em que já não valia a pena continuar. Para não pôr em risco tudo o que tinha construído, só me restava uma solução: emigrar. Solução essa que até os próprios “atrasados” do governo aconselhavam. Nunca se propuseram a ajudar-me, nem a mim, nem a muitos outros portugueses que estavam no mesmo barco — um barco que começou a afundar com a mudança da moeda.

A frustração com os processos legais arquivados

Deixei muitos processos em tribunal. Tinha tudo documentado: faturas, guias de transporte, recibos de compra de materiais, pagamentos a empregados, etc. Mesmo assim, os processos foram arquivados por “falta de provas”. Como eu já tinha emigrado, tudo ficou nas mãos dos de sempre — os vigaristas, que em Portugal saem sempre a ganhar. É uma tristeza.

O sentimento de saudade e frustração com a falta de reconhecimento

Hoje, após vinte anos fora, sinto uma tristeza imensa. Nunca consegui adaptar-me completamente a outro país, porque Portugal é, e sempre será, o meu lar. Vivo, dia após dia, na esperança de que chegue o momento em que poderei regressar ao meu querido Portugal. Sim, o meu querido Portugal. Porque, apesar de os nossos políticos parecerem alheios aos portugueses que emigraram, o país continua a ser nosso.

Só quem é emigrante compreende a dor de viver longe da família. Não há Natal, Páscoa, Carnaval ou aniversários de pais e irmãos. Não vemos os nossos pequeninos crescerem, e tudo isso nos foi roubado, de certa forma, pelas decisões do nosso governo. Assim, somos emigrantes, longe dos nossos, deixando a nossa família em Portugal. Mas também, quando chegar a hora da reforma, os nosso filhos que cresceram fora do país, distantes da nossa terra, já não terão a vontade de regressar. Isso significa que deixamos a família em Portugal e, no final, ainda teremos que deixar a nossa família aqui, fora do país.

A política de imigração e a comparação injusta com os emigrantes portugueses

E o que vejo agora? Um país com falta de mão de obra, dizem eles. A solução? Abrir as portas a toda a gente, de qualquer parte do mundo, sem critério, sem preparação, sem saber sequer se querem trabalhar ou contribuir. Entram porque sim. Porque é fácil. Enquanto isso, nós — os portugueses que fomos empurrados para fora — somos ignorados. Não se fala em criar condições para nos trazer de volta. Não se fala em recuperar quem conhece o país, quem tem experiência, quem trabalhou uma vida inteira cá fora. Só interessa o dinheiro que enviamos.

A revolta com o tratamento dado aos emigrantes portugueses

É revoltante. O governo prefere importar gente sem ligação nenhuma a Portugal, muitos sem qualquer vontade de trabalhar ou respeitar a cultura, do que tentar corrigir o erro de ter deixado fugir os seus. Pior ainda: têm a lata de comparar os portugueses emigrados com estas vagas de imigração descontrolada. Dizem: “os nossos também estão lá fora”. Pois estamos — a trabalhar, a pagar impostos, a viver com dignidade. Não estamos a viver à custa de subsídios nem a desrespeitar os países que nos acolheram. E não aceito ser metido no mesmo saco.

A falta de respeito e consideração pelos emigrantes portugueses

Essas comparações são nojentas. Os nossos governantes deviam lavar a boca antes de falar de emigração portuguesa. Deviam, isso sim, pedir desculpa por nos terem forçado a sair e fazer tudo para nos trazer de volta. Mas não. Para eles, é mais fácil comprar silêncio com promessas e manchetes. E para nós? Só desprezo.

O vazio da emigração e a perda de identidade

Poderia escrever tanta revolta sobre o que os nossos governantes fizeram aos emigrantes portugueses… Agora, nem somos portugueses nem somos de outro país. Aqui somos estrangeiros, e em Portugal somos tratados como emigrantes, como se não tivéssemos direito a nada. Enfim, a falta de respeito é total.

Também quer publicar um texto seu uma noticia? Pode contactar aqui: Ou [email protected]


Discover more from

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Seja o primeiro a comentar

Deixe seu comentário