Companhias aéreas de baixo custo sofrem com a redução do poder de compra

As empresas de aviação estão a enfrentar um cenário económico desafiador, com impacto especialmente forte nas companhias aéreas de baixo custo.

Este ano tem sido particularmente difícil para as companhias aéreas, sobretudo para as de baixo custo, após a recuperação expressiva registada no período pós-pandemia. Os custos operacionais aumentaram, com destaque para os relacionados à mão de obra, as incertezas geopolíticas se intensificaram, a Airbus e a Boeing estão com atrasos nas entregas de aeronaves, e, para agravar ainda mais a situação, observa-se um enfraquecimento do poder de compra. Este panorama foi descrito pela agência de classificação de crédito Morningstar DBRS, que publicou recentemente um relatório sobre o setor na Europa e América do Norte.

De acordo com a análise, muitas empresas aéreas estão a enfrentar dificuldades para manter o desempenho robusto observado em 2023. As companhias de baixo custo estão sob maior pressão do que as companhias tradicionais, apresentando uma deterioração acentuada nos lucros e até pedidos de falência. Na Europa, a irlandesa Ryanair teve uma queda de 49% nos lucros operacionais entre abril e junho em comparação com o mesmo período de 2023. A húngara Wizz Air registou uma redução de 44%. O grupo Lufthansa também reportou uma queda de 39% nos resultados operacionais durante a primavera, e a Air France/KLM registou uma diminuição de 30% no mesmo período.

Na América do Norte, o cenário é ainda mais desafiador. A maior companhia de baixo custo do mundo, a Southwest, registou uma queda de 50% nos lucros operacionais entre abril e junho, em relação ao mesmo período do ano anterior. As empresas de baixo custo americanas JetBlue e Allegiant sofreram uma redução ainda mais acentuada neste indicador, com quedas de 76% e 74%, respetivamente. O contexto económico e político também afetou a gigante American Airlines, que registou uma queda de 36% nos lucros operacionais.

Apesar disso, as companhias aéreas tradicionais, como a Lufthansa e a American Airlines, estão a lidar melhor com este cenário, graças à procura por serviços mais premium por parte de certos consumidores. Por outro lado, o ano de 2024 promete ser particularmente desafiador para as companhias de baixo custo, uma vez que a procura se estabilizou após o período de euforia pós-covid, e o panorama macroeconómico global continua preocupante.

A Morningstar DBRS recorda que, na semana passada, a Canada Jetlines suspendeu temporariamente as operações e está a preparar um pedido de proteção contra credores. Ainda no Canadá, no início deste ano, a companhia de baixo custo Lynx Air solicitou apoio para evitar a falência e, no final de 2023, a transportadora Swoop fundiu-se com a sua empresa-mãe, a WestJet. As dificuldades enfrentadas pelas companhias canadianas estão relacionadas principalmente com a baixa densidade populacional e as grandes distâncias entre as principais cidades, o que complica a manutenção de tarifas aéreas reduzidas. No entanto, mesmo para as companhias de baixo custo europeias, onde esse modelo tem sido bem-sucedido, o futuro é incerto devido às taxas aeroportuárias, estruturas de custos e elevada concorrência.

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