Requerentes de asilo em Boudry trabalham 28.000 horas

Requerentes de asilo em Boudry trabalham 28.000 horas
Requerentes de asilo em Boudry trabalham 28.000 horas

Requerentes de asilo em Boudry trabalham 28.000 horas para a comunidade em 2024
Durante o ano de 2024, os requerentes de asilo do Centro Federal de Boudry, na Suíça, realizaram cerca de 28.000 horas de trabalho útil para a comunidade. Este esforço, embora muitas vezes invisível, mostra como estas pessoas contribuem ativamente para o bem comum enquanto aguardam decisões sobre os seus processos de asilo.

Trabalharam todos os dias em tarefas essenciais

Todos os dias, cerca de quarenta requerentes de asilo saíram do centro com um objetivo concreto: realizar tarefas que beneficiam diretamente a população local. Plantaram árvores, limparam caminhos florestais, mantiveram jardins públicos e ajudaram em eventos municipais.

No Chanet, em Neuchâtel, por exemplo, uma equipa de dez pessoas cuidou de novos pinheiros. Com esta ação, melhoraram a saúde das árvores, preservaram o ecossistema e valorizaram a paisagem natural. Mostraram, com isso, empenho e respeito pelo território que os acolhe.

Integraram-se através de um programa federal estruturado

A Secretaria de Estado das Migrações (SEM) implementou um programa de ocupação voluntária que dá aos requerentes uma oportunidade clara: usar o seu tempo de forma produtiva e digna. Estes programas estruturam o dia a dia, reduzem o tédio e combatem o isolamento.

Enquanto esperam, os participantes mantêm-se ativos, constroem rotinas e aprendem a viver em sociedade. Através do trabalho, descobrem as regras sociais locais, praticam o idioma e desenvolvem competências úteis.

Escolheram participar e mostraram vontade de integrar-se

Todos os participantes aderem ao programa por iniciativa própria. A adesão não resulta de imposição, mas de uma decisão consciente de contribuir. Mostram, com isso, vontade de se integrar e de participar na vida local.

As equipas de coordenação registam frequentemente comportamentos exemplares. Muitos requerentes mostram pontualidade, respeito, espírito de equipa e dedicação. Estes aspetos demonstram que, mesmo em contextos difíceis, as pessoas mantêm dignidade e vontade de colaborar.

Beneficiaram a sociedade local com mão-de-obra valiosa

As autarquias, por sua vez, beneficiam diretamente deste esforço voluntário. Em muitas localidades, faltam recursos humanos para tarefas de manutenção e apoio logístico. Os requerentes de asilo, ao contribuírem, ajudam a preencher essa lacuna com trabalho motivado e consistente.

Com o seu contributo, melhoraram espaços públicos, reforçaram equipas locais e aligeiraram tarefas que, de outro modo, ficariam adiadas. Isto fortaleceu o vínculo entre quem chega e quem já vive no território.

Desenvolveram competências e reforçaram a autoestima

Ao participarem nas atividades, os requerentes ganham muito mais do que uma simples ocupação. Desenvolvem competências técnicas, praticam francês ou alemão, e ganham confiança nas suas capacidades.

Além disso, recebem uma compensação simbólica de cerca de 30 francos suíços por dia. Embora o valor seja baixo, oferece-lhes alguma autonomia e reforça a perceção de que o seu trabalho tem valor.

Fortaleceram a coesão social em tempos de tensão

Numa altura em que cresce o discurso xenófobo na Europa, estas ações ajudam a mudar perceções. Quando os residentes observam os requerentes a contribuir ativamente, reconhecem o esforço, diminuem preconceitos e criam empatia.

Ao promoverem o contacto direto, estas iniciativas aproximam pessoas de diferentes origens. Criam, assim, pontes culturais e sociais que fortalecem a coesão local.

Aplicaram um modelo suíço que une rigor e humanidade

A Suíça aplica uma política equilibrada: por um lado, mantém regras rigorosas na entrada e avaliação de pedidos de asilo; por outro lado, oferece programas de ocupação que promovem dignidade e inclusão.

Com estas iniciativas, o país mostra que é possível acolher com responsabilidade, integrando de forma gradual, realista e construtiva.

As autoridades afirmam que o programa também serve para observar o comportamento social dos participantes. Embora essa observação não determine, por si só, a concessão do asilo, pode influenciar positivamente o processo.

Receberam críticas, mas responderam com transparência

Algumas organizações da sociedade civil alertaram para possíveis abusos. Apontaram que, em certos casos, estes programas podem roçar a exploração laboral, já que os participantes não têm salário justo nem proteção contratual.

Contudo, a SEM reforça que o programa mantém caráter voluntário, transparente e monitorizado. Nenhum participante é obrigado a integrar as atividades, e todos têm liberdade para sair do programa a qualquer momento.

Além disso, as equipas locais garantem formação, apoio e acompanhamento constante, o que reduz riscos de abuso e assegura condições humanas.

Inspiraram outras soluções a nível europeu

Muitos especialistas veem este modelo como uma alternativa prática e ética para outros países europeus. Ao permitir que os requerentes contribuam, o programa reduz o estigma, favorece a integração e cria dinâmicas locais mais positivas.

Portugal, por exemplo, já iniciou projetos semelhantes em pequena escala. O Alto Comissariado para as Migrações tem promovido ações com refugiados em zonas agrícolas e urbanas. Contudo, estas iniciativas ainda carecem de estrutura mais ampla e apoio sistemático.

Ao aprender com o exemplo suíço, Portugal pode desenvolver programas sólidos de ocupação para requerentes de asilo, fortalecendo simultaneamente o acolhimento e a integração.

Concluíram que a dignidade se constrói com oportunidades reais

O caso dos requerentes de asilo de Boudry mostra que, quando damos oportunidades às pessoas, elas retribuem com empenho, respeito e dedicação. Em vez de esperar passivamente, estes homens e mulheres decidiram construir algo com o seu tempo e com as suas mãos.

Com o seu esforço, ajudaram florestas, limparam ruas, cuidaram de jardins e criaram pontes humanas. Mostraram que o trabalho dignifica, mesmo quando o futuro permanece incerto.

Ao final de 2024, deixaram um legado tangível de 28.000 horas de serviço à comunidade. Mas mais do que isso, deixaram uma mensagem clara: a inclusão começa com participação ativa e respeito mútuo.


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